Melissa Faria Dutra

Atua numa área muito específica da Fisioterapia denominada Fisioterapia Pélvica Pediátrica. Esta especialidade reabilita crianças com doenças do sistema urinário e intestinal, tais como:

  • Disfunções do trato urinário, como disfunção miccional , bexiga hiperativa, incontinência urinária diurna e enurese noturna.
  • Doenças intestinais como incontinência fecal, constipação intestinal, anomalia anorretal (ânus imperfurado).

Veja seu currículo resumido:

  • Graduada em Fisioterapia pela PUC-Minas.
  • Especialização em Uroginicologia pela Faculdade de Ciências Médica de MG.
  • Mestrado em Saúde da Criança e do Adolescente pela UFMG.
  • Ambulatório de disfunção do trato urinário na criança, do Hospital das Clínicas da UFMG.
  • Professora da Pós-graduação em Fisioterapia Pélvica da Faculdade de Ciências Médicas de
    MG.

PRINCIPAIS INDICAÇÕES

A incontinência urinária diurna é caracterizada por escapes recorrentes, ou seja, quando a criança faz xixi nas calças com frequência. Estão entre as causas alterações neurológicas ou anatômicas, a exemplo do estreitamento do canal por onde a urina sai.

A maioria das crianças com incontinência urinária diurna apresenta comunicação falha entre o cérebro e a bexiga, fazendo com que este último órgão se contraia involuntariamente.

Muitas dessas crianças ficam segurando o xixi por muito tempo e se contorcendo quando a vontade aperta, além de sentirem vergonha de usar o banheiro fora de casa. Ansiedade, hiperatividade e situações estressantes desencadeiam a incontinência urinária.

Para evitar complicações como infecções urinárias e lesões nos rins, o distúrbio deve ser identificado o quanto antes. Em relação ao tratamento fisioterápico, a eletroestimulação, ou seja, a utilização de eletrodos na região parassacral, melhora a comunicação entre a bexiga e o cérebro.

Popularmente conhecida como “xixi na cama”, a enurese noturna pode se manifestar como um dos sintomas da hiperatividade vesical. Quando é monossintomática, a enurese noturna pode ser primária ou secundária.

Crianças com mais de cinco anos que perdem urina pelo menos duas vezes por semana e não adquiriram controle noturno sofrem com a enurese noturna primária. Estão por trás do problema alterações na secreção do hormônio antidiurético no período noturno, contrações involuntárias na bexiga, distúrbios do sono e/ou a genética, sendo que um dos pais provavelmente sofreu com a enurese noturna na infância.

Já as crianças e adolescentes que ficaram mais de um semestre sem apresentar episódios de perda de urina e depois voltam a apresentá-los sofrem com a enurese noturna secundária que, por sua vez, pode ter origem psicológica ou se manifestar como consequência de doenças como diabetes.

O tratamento fisioterápico da enurese noturna pode ser realizado ao trabalhar a musculatura do assoalho pélvico da criança, podendo ou não estar associado à eletroestimulação.

A bexiga hiperativa ocorre quando há uma necessidade urgente e dificilmente controlável de urinar, inclusive à noite, prejudicando o sono e a qualidade de vida de quem sofre com o distúrbio. Pode acometer pessoas de ambos os sexos e de todas as idades, inclusive crianças.

Além da urgência em urinar, crianças com bexiga hiperativa apresentam necessidade de urinar várias vezes por dia, baixo volume miccional, episódios de xixi na cama, hábito de cruzar as pernas e até mesmo a constipação.

A depender do caso, o estudo urodinâmico completo e o ultrassom podem ser necessários, principalmente quando o tratamento inicial não é efetivo. O tratamento fisioterápico envolve exercícios da musculatura do assoalho pélvico, treinamento vesical e eletroestimulação.

A disfunção miccional ocorre quando a criança apresenta incapacidade coordenada de armazenar e eliminar urina, resultando em um menor fluxo urinário e em resíduos de urina.

Os pacientes que sofrem com disfunção miccional podem manifestar sintomas como baixa frequência urinária, urgência, urgi-incontinência, infecções de urina de repetição e alterações intestinais.

Quando não é tratada adequadamente, a disfunção miccional pode evoluir para falência detrusora e insuficiência renal crônica. Por isso o diagnóstico precoce é tão importante.

Quando a criança apresenta suspeita de disfunção miccional, a análise do seu histórico médico passa a ser relevante, principalmente os detalhes relacionados ao período de transição das fraldas para o controle esfincteriano.

Também faz parte da avaliação o diário miccional, com detalhes sobre frequência de micção, volume máximo urinado, consumo de líquidos e perda de urina noturna e diurna. Se for o caso, exames complementares como o qualitativo de urina, ultrassonografia e urofluxometria podem ser necessários.

O tratamento indicado para disfunção miccional infantil é a fisioterapia do assoalho pélvico.

A Infecção do Trato Urinário (ITU) é uma infecção bacteriana que acomete crianças, principalmente as meninas. Os episódios de infecção urinária podem recorrer, caracterizando o quadro conhecido como Infecção Urinária de Repetição (IUR).

Como apresentam o risco de formar uma cicatriz renal, resultando em hipertensão arterial e deterioração da função renal no futuro, a ITU e a IUR devem ser precocemente diagnosticadas e adequadamente tratadas.

Estão entre os sintomas da ITU a febre, irritabilidade, recusa alimentar, distensão abdominal, enurese e outros.

O tratamento fisioterápico da ITU consiste em exercícios que trabalham a musculatura pélvica.